Há algumas
semanas – duas ou três, nem sei – a Unidade em que trabalho sofreu intervenção.
Não estava lá no dia – por Deus que não – mas tenho notícias do que foi: meus
colegas foram impedidos de entrar em seu local – para mim sempre sagrado – de
trabalho - aguardaram liberação extramuro. Havia “seguranças” na porta da sala
da diretoria, onde só grandes autoridades (externas) entraram, de onde quando a
autoridade máxima saía o fazia também escoltado.
Já
acompanhei ações do GIR em minhas Unidades anteriores. Tenho orgulho delas!
Demonstração de poder do Sistema Prisional e seus servidores. Em especial na
última Unidade em que trabalhei, não havia corrupção, não havia indisciplina.
As intervenções – solicitadas e agendadas pela DG – eram só um reforço de quem mandava
ali nos raios: os ASP´s!
Dessa vez
não foi assim. Meus honrados colegas ficaram de fora. Não imagino o que faria
se fosse impedida de entrar em minha Unidade, mesmo que durante uma intervenção
– absolutamente necessária, diga-se! Creio que não aceitaria quieta, creio que
algum irmão teria de usar de força contra mim. Não acho que meus colegas de
trabalho merecessem tal tratamento – ainda que a intervenção seja legal,
oportuna e justa (mas deveras atrasada). Afinal, alguém não sabia o que ali
acontecia? Descobriu-se só quando um colega foi recebido a balas por um ninja
que trazia ilegalidades pelo alambrado da Unidade? Depois do tão falado disparo
contra um servidor em serviço, depois que o novo Secretário da Pasta recebeu a
visita do Sindicato, depois que foi exigida a solução, cabia uma ação
teatralizada, como se ninguém soubesse de nada e o peso da vergonha fosse de
quem ali trabalhasse, mesmo depois de tantos pedidos de ajuda? Me entristece
esse fato, ainda que entenda o ato.
De trato
em ato, em meio ao tempo passado despedi de uma grande colega, uma de nossas
melhores e mais honradas guerreiras. Grande colega, grande mulher, com quem
tive a honra de trabalhar. Pode haver quem concorde, quem discorde, mas não há
quem não a respeite! Bom, houve quem não respeitasse. Houve quem usasse de seu
frágil momento – e de sua família – para uso pessoal. Ainda que ela não
quisesse, dissesse não, foi forçada ao desagrado da visita quando mais deveria
ser poupada e respeitada. Lágrima de crocodilo em pleno século XXI - e num
momento pessoal e familiar tão triste - dá muita vergonha alheia! Não há
visitei, não fiz cena, mas em alma a honro e carrego dela o que de melhor
lembro, por que ela merece. Somos guerreiros, não desistimos nunca, e todo bom
exemplo deve ser dignificado – pois acredito que ainda podemos mais.
Encerrando,
há um lindo poema que conheci recentemente chamado Desiderata (do latim
"coisas que são desejadas"), escrito por Max Ehrmann. Todo o texto é muito belo, mas seu final me toca e acalanta, razão pela qual
retransmito aqui neste momento tão delicado:
“E mesmo
que não lhe pareça claro, o
Universo,
com certeza, está
evoluindo
como deveria.
Portanto,
esteja em paz com Deus,
não
importa como você O conceba.
E,
quaisquer que sejam as suas lutas
e
aspirações no ruidoso tumulto da
vida,
mantenha a paz em sua alma.
Apesar de
todas as falsidades,
maldades e
sonhos desfeitos, este
ainda é um
belo mundo. Alegre-se.
Empenhe-se
em ser feliz!”
É isso! Bom 2020 a todos! Sorrisos para nossas horas!